terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pro Colibri tá bom

Araci de Almeida era uma grande sambista, intérprete de Noel Rosa, daquelas da velha guarda. Era jurada do Show de Calouros do Silvio. Um clássico. Marcello Serpa, um dos melhores diretores de arte do mundo, já foi jurado em Cannes, no CCSP e por aí vai. Quer dizer, a escolha dos jurados de qualquer tipo de competição deve ser algo muito sério, transparente, sem mistérios, porque é exatamente isso o que vai dar credibilidade a um concurso. Certo? Concordam? Bom, então vamos falar do bom e velho Prêmio Colibri. Há algum tempo venho notando que essa escolha dos jurados é feita de uma maneira um tanto aleatória, com indicações que surgem não sei de onde ou de quem e que, ao final, só aparecem na semana da entrega do prêmio, quando os trabalhos já foram julgados. Eu mesmo já indiquei pessoas, mas desconheço o que acontece depois disso. Ou seja, nós, que inscrevemos nossos trabalhos, não sabemos quem é o corpo de jurados que vai avaliar o grau de criatividade, ineditismo, pertinência, etc, etc, etc, do trabalho. Aqueles que vão determinar com o seu crivo (êta palavrinha feia) o que é bacana e o que não é. Simples assim.

E não falo só pelo trabalho da Nave, porque é assim que quero que os trabalhos da minha agência sejam julgados e o de outras agências também. Mas, para isso, muitas cabeças precisam mudar (e as cabeças de muita gente que inscreve), deixando de lado o enfadonho “Pro Colibri tá bom”, “Esse prêmio é ridículo”, “Bom mesmo é o CCSP”. OK, São Paulo é logo ali, VIX-CGH é um pulinho de hora e meia, até logo. Moçada, não se enganem, o trabalho que é mostrado no Colibri é o da média do mercado, é o trabalho que é feito. Tem coisa legal? Tem. Tem coisa ruim? Tem. O que busco é que se tenha mais coisas legais, e é com uma definição mais rígida dos jurados que isso vai acontecer. Pronto, só isso, sem mega reuniões ou discussões sobre a pós-modernidade. E outra: sem essa de indicar jurado porque o cara é “brother”. Tem que ser porque tem experiência, já tem um caminho trilhado. Vamos abrir os anuários. E mais outra: não basta estar apenas numa agência de outro mercado considerado maior. Me desculpem, não basta mesmo. Tem que ser bom. E, pelamordedeusjesuscristinho, esqueçam os Washingtons, os Nizans, os Fabios Fernandes, os Duailibis, os Zaragozas. Esses caras são os jedis, como Obi-Wan Kenobi ou mestre Yoda (ser nerd, devo ser). Existem dezenas de grandes profissionais da área de criação, repito, da área de criação, repito, da área de criação, que podem desempenhar esse trabalho com total seriedade porque são as pessoas que fazem a boa propaganda de hoje nas agências consideradas legais. Que tal pensar nisso para o próximo ano e exigir a pré-definição dos jurados no momento da inscrição?

Bruno Alves
Diretor de Criação da Nave